Bandas do Cartaxo

Olá a todos.

Desde já os meus parabéns pela iniciativa de criação deste fórum.
É sempre bom termos um espaço para falar das questões relativas ao espaço que nos envolve - neste caso concreto a Cidade do Cartaxo.

Faço parte dos Qwentin e quero também agradecer aos moderadores do Fórum pela divulgação do concurso que se irá realizar já amanhã na Escola Secundária do Cartaxo.

De facto, entre 1995 e 2002 o Cartaxo teve uma cena musical bastante rica. Foram imensos os projectos nascidos no ventre desta pequena cidade. Alguns são citados no cartaz de divulgação do concurso: Temple of Noise, A Sacris, Psycho and the Birds, Lemon Candies, mas muitas outras por aí andaram e, de uma forma ou de outra deixaram uma marca indelével na mente de muitos cartaxenses que injustamente sempre foram observados como a corrente marginal de um universo underground que buscava os seus espaços sem pedir esmolas alheias. O bar Liberace, A Cave, O Ponto de Encontro, foram espaços frequentados por aqueles que não queriam beber só mais um copo até ao goto. Eram viveiros do rock fervilhante dos meados de 90 e inícios de 2000. Infelizmente todos fecharam as portas.

Excise, Alone Among Thousands, Encephalic Destruction (num circuito mais pesado), foram mais alguns dos projectos que tocaram por aí.

Curiosamente em 4 edições do Concurso de Música Moderna da Azambuja cujo prémio maior era a actuação no palco Novos Talentos do Festival Tejo, duas das edições foram ganhas por bandas do Cartaxo (Qwentin em 2004 e Alone Among Thousands em 2005).

Duvido que algum destes projectos tenha tido qualquer tipo de ajuda de orgãos institucionais do Concelho (nomeadamente Câmara Municipal e Junta de Freguesia).

Na capital do vinho, onde o touro e o campino são reis não há tempo a perder com a pressuposta semi-loucura de uns miúdos que querem mais do que sonhar, que querem ser os protagonistas de um palco ilusório que chega em pedaços de hipocrisia chamados Festivais Municipais da Juventude e afins.

O que as bandas precisam não é de atitudes paternalistas nem de aproveitamento político, mas sim de compreensão, de um envolvimento consistente e acompanhamento com os agentes culturais da cidade e da região. É isso que os Qwentin tentam fazer em parceria com o Centro Cultural do Cartaxo e muito especialmente com o Marco Guerra, que conhece e percebe muito bem a sub-cultura musical do Cartaxo. Não são favores, são esforços conjuntos.

Acreditem que só com atitudes despretensiosas e positivas, desprovidas de egoísmo, se consegue uma décima daquilo que gostaríamos de ter. E isso meus amigos já é muito bom.

Quero deixar apenas uma nota às bandas concorrentes. Sem querer ter um discurso de velho do Restelo, gostaria de vos contar que em Abril de 1996 preparava-me para dar o meu primeiro concerto - um concerto numa garagem, inserido numa festa organizado por um grupo de pessoas de Aveiras de Cima. Saibam que deixei para trás a viagem de finalistas do 12º ano. Perguntam-me se me arrependo? Obviamente... NÃO...
O Rock in Rio vai passar, vocês amigos ficam por cá e acreditem que só dependem de vocês e do vosso esforço.

Boa Sorte a todos e um grande abraço.